Nossa vida é uma Missão! 01/10/2020 | Pe. Luiz Weber Neste mês missionário, a Diocese de Santo Ângelo lembra inúmeros projetos e iniciativas missionárias na qual padres, religiosas e leigos estiveram e ainda estão engajados. Dentre estes homens e mulheres que oferecem suas vidas ao projeto de anunciar o Evangelho em outras terras, lembramos e destacamos a pessoa do Pe. Luiz José Weber, sacerdote diocesano que atualmente exerce seu ministério em Moçambique. Pe. Luiz partilha conosco um pouco de sua vida, sua história, os fatos que mais marcaram seu ministério nos últimos anos e a nova experiência vivida além mar, na missão em Moçambique, na África. Confira: “Eu te louvo Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondestes estas coisas aos sábios e inteligentes e as revelastes aos pequeninos. Sim Pai, porque assim foi do vosso agrado!” (Mt 11,25s) Este foi o lema que escolhi para orientar meu ministério sacerdotal. Tenho buscado vivê-lo e a partir dele servir na construção do Reino de Deus. Nessa missão, é importante que nunca esqueçamos nossas origens. E isso carrego com muito orgulho e alegria. Sou filho de Pedro Aloísio Weber e Lúcia Diel Weber, natural da Paróquia Ascensão do Senhor, de Santo Cristo/RS. Ali nasci em 16 de dezembro de 1964. Desde pequeno fui iniciado na comunidade cristã e logo manifestei meu desejo de ingressar no seminário. Após um longo período de formação fui ordenado Diácono em 17 de agosto de 1991 e Padre em 29 de dezembro de 1991. Meus primeiros anos de ministério foram exercidos em Catuípe e Chiapetta. Nesta época a Diocese de Santo Ângelo já participava do projeto Igrejas Irmãs da CNBB e tinha como diocese irmã a Igreja de Marabá, no Pará. De tempos em tempos, a diocese enviava novos missionários a Marabá. Em uma dessas ocasiões, manifestei minha disponibilidade e desejo de fazer essa experiência. O pedido foi aceito pelo Bispo, na época Dom Estanislau Kreutz, e fui enviado pela Diocese de Santo Ângelo. No início, a ideia era ficar apenas alguns anos, mas o tempo foi passando e a necessidade de lideranças naquela região era grande. Acabei ficando e construindo laços de fraternidade com aquele povo tão querido e tão sofrido. O tempo passou e por 25 anos trabalhei como missionário em Marabá. Muitas foram e ainda são as alegrias, desafios e compromissos vividos neste tempo de missão. Dentre todas essas experiências destacamos: 1) a vida de missão no trabalho conjunto com as Irmãs religiosas e agentes de pastoral; 2) as Santas Missões Populares como ânimo, dinamismo e protagonismo dos leigos e leigas como missionários na vida da paróquia; 3) o projeto de comunidades irmãs no espírito missionário; 4) a organização da manutenção econômica da paróquia, a organização e conscientização de muitas igrejas das comunidades, entre elas a Igreja Senhora Santana, de Morada Nova/PA e a construção do Centro de Formação Pe. Sérgio; 5) a formação em todos os níveis como prioridade na paróquia através da Escola de Lideranças do Instituto Pastoral Regional (IPAR); 6) a organização da paróquia como Rede de Comunidades; 7) a assessoria da pastoral da juventude paroquial e diocesana em Marabá; 8) os festejos de São Sebastião com objetivo de integrar as comunidades no espírito missionário; 9) o apoio e o fortalecimento de todas as comunidades, pastorais e movimentos da paróquia; 10) a organização da caminhada da Irmã Adelaide; 11) o acompanhamento dos acampamentos e assentamentos dos Sem Terra (MST), trabalho que me rendeu duas ameaças de assassinato; 12) o serviço de ecônomo da Diocese de Marabá por diversos anos organizando a auto manutenção da diocese; 13) o trabalho como Vigário Geral da Diocese de Marabá; 14) o serviço de assessor e diretor do Instituto Pastoral Regional (IPAR) da CNBB Norte 2. Hoje estou vivendo a experiência de ser missionário Ad Gentes em Moçambique, na África, enviado pelo Regional Sul 3 da CNBB e também pela minha Diocese de Santo Ângelo. Esta nova experiência, na missão Ad Gentes, em deixar minha terra, cultura, amigos, família e ir trabalhar em um país, em um continente diferente desafia a fé, o nosso ser cristão, ser missionário. Posso dizer que está sendo uma experiência gratificante e que desinstala muitas teorias e conhecimentos adquiridos na vida. O estar presente, com o olhar, ouvir e perceber o diferente é missionário, isto é, a nossa presença se torna essencialmente missionária. Isso se faz ainda mais perceptível nesse tempo de pandemia, ao perceber o valor, a importância de ser e estrar presente na vida das pessoas. O contato com as pessoas deixando-se envolver em uma cultura diferente faz de nossa vida uma existência missionária. Como dizia Dom Helder Câmara: “Missão é partir, caminhar, deixar tudo, sair de si, quebrar a crosta do egoísmo que nos fecha no nosso eu. É parar de dar voltas ao redor de nós mesmos como se fôssemos o centro do mundo e da vida”. Nesse mesmo sentido, o Papa Francisco nos desafia a sermos uma Igreja em saída, uma Igreja a caminho, que cultiva a mística do caminho, de se fazer próxima daqueles que encontramos pelo caminho e assim aderirmos a uma autêntica cultura do encontro. Perceber que as grandes riquezas não estão no fim da caminhada, mas no processo, nas relações que estabelecemos com as pessoas, nos vínculos que construímos, eis o grande tesouro do Reino. A missão é exigente, faz-nos despojar de muita coisa. Implica em renúncia de si mesmo para que possamos anunciar Jesus Cristo, seu projeto, seu Reino. É um esvaziar-se de si mesmo para encher-se de Cristo e doar-se ao irmão e à irmã. É um projeto de vida que vale a pena ser vivido! Conto com a oração de todos os amigos para perseverar na missão. E a todos deixo a minha bênção, em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Alegres e cheios de esperança seguiremos firmes na missão!
Autor: Pe. Luiz José Weber - Missionário da Diocese de Santo Ângelo em Moçambique